Alugámos uma mota! Yeah! Com o nosso próprio meio de
transporte deixamos de estar à mercê da indústria do turismo local com as suas
excursões e pacotes sensacionais, assim podemos fazer o nosso itinerário,
poupar dinheiro e chatice.
Queríamos ver os elefantes, os tigres, as quedas de água da
imponente “rainforest” de Chiang Mai… queríamos ver tudo e em poucos dias,
porque as férias são curtas e a Tailândia é grande!
Capacetes apostos lá fomos montanha a dentro! Lindo.
Exuberante. A natureza explodiu ali e não contou a ninguém. A viagem de mota
foi acompanhada de saltos e solavancos no meio da expressão repetida em
desabafo: “Ai que sorte! Ainda bem que viemos!”
E os elefantes? Encontrámos uma placa com um elefante
pintado, fomos lá. Afinal não era bem um campo de elefantes, era na verdade,
verdadinha, um sítio de reciclagem de resíduos elefantídios do foro intestinal,
portanto, reciclavam cocó! Cocó de elefante! Verdadinha, já tinha dito! As
criaturas (de mente verde e ecológica) dedicaram a sua existência à reciclagem
do “dito” do elefante e, olha, que fazem lindos bloquinhos, postais e afins em
papel reciclado de “ vocês já sabem” de elefante. Até têm uma espécie de curso
em que ensinam a fazer a reciclagem e tudo, a isso não fomos porque o dinheiro
custa a ganhar e não é para andar para aí a mexer em cocó, sem desconsiderar os
elefantes que são animais muito fofinhos.
Lá comprei um bloquinho de… cocó! Teve de ser!
Algures nas muitas voltas que demos naquelas montanhas lá
descobrimos as cascatas, o campo dos tigres e encontrámos, finalmente, os
elefantes (desta vez o produtor e não só o produto), foi espetacular, foi
mesmo, mais uma vez, “que sorte!”.
Volta aqui, volta ali, começou a chover e era vê-los em cima
da mota, com os seus casaquinhos “impermeáveis” molhadinhos até aos rins (todo
o Português sabe que não há coisa pior que uma pontada de ar nos rins, é logo
meio caminho andado para ter um princípio de pneumonia, entidade nosológica
gravíssima). A saúde conservou-se. Horas depois, muita chuva depois, decidimos
voltar para casa, porque à noite todas as árvores são pardas, as curvas
apertadas e a mota assusta-se e isso não interessa a ninguém. Partimos, mas um
pensamento foi ficando: “ O que é que eu vou fazer com o bloco? Que desperdício
escrever listas de compras ou recadinhos! Aliás aquilo que era um desperdício
deveria agora tornar-se muito útil.” O pensamento ficou, andou, ruminou, foi
ruminado e depois mastigado e depois … (já chega!). Depois tive uma ideia! Cada
página deste bloco vai ser um local de agradecimento! Diariamente, vou eleger um
acontecimento ou experiência que me fez sentir agradecida! É da maneira que vou
conseguir combater os momentos de “auto-lamentação” na Índia (eles vêm aí)! E
assim será, a ideia foi aprovada por unanimidade em reunião familiar. Todos os
dias uma frase, todos os dias uma coisa que faz exclamar: “que sorte,
obrigada!”. A ver se a reciclagem não se fica só pelo cocó do elefante, que há
por aí e por aqui muito “resíduo” a precisar de uma lavadela.
Leitor imaginário, agora é que eu vou ser uma pessoa
ecológica!
Restantes amigos, um abraço para todos, as histórias andam
atrasadas… mas estão a caminho!
Entretanto, porque não dedicarmos uns minutos das
nossas vidas “super importantes” a agradecer e a reciclar (pode ser renovar,
também pode ser a mente em vez de cocó… como dizia o outro).
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