Avançar para o conteúdo principal

Deu tudo certo!

A mala está semi-feita, faltam as coisas pequenas, falta fechar, despachar e partir.

É bom partir para casa, mas é difícil fechar este ciclo. Atrás de mim ficam as histórias, as pessoas com quem aprendi a ser bem mais que médica, ficam as coisas que só poderia ter vivido num país virado para o sol e para os sorrisos abertos. Elas ficam e vêm comigo no coração, porque a mala já tem excesso de peso, trago o que sou agora e que não era há três meses atrás. 
Aliás, essa é a beleza desta experiência, vou provavelmente esquecer-me dos critérios do síndrome hemofagocítico, mas dificilmente da médica que deu chocolate e coca-cola à menina que tinha uma sonda naso-gástrica, dos meninos da enfermaria, dos adolescentes da consulta, isto tudo vai comigo e irá para onde eu for!
Escrevo isto com o peito apertado, aquele desconforto na garganta, um incómodo que não sei explicar, no fundo estou ansiosa de chegar e a rebentar de saudades e ao mesmo tempo triste por deixar isto tudo para trás. Ontem no meu jantar de despedida, à volta do famoso bacalhau português e da tarte de pastel de nata, falávamos disto, fui partilhando que uma parte de mim quer ir outra quer ficar, a pessoa à minha frente respondeu que outra parte de mim deve querer ir para a Índia, e de imediato do outro lado ouviu-se que outra parte queria estar em África… e eu sorri e concordei totalmente! A perspicácia dos brasileiros aguçada por um prato de bacalhau! E é isto o meu coração tem bem mais que quatro divisões, desejo profundamente que ele continue assim apesar do desafio da rotina, da trivialidade e da mesmice. 

Assim, digo adeus a estes novos amigos e a este lindo país que me recebeu tão bem! Fica para sempre a frase que uma das melhores pessoas que conheci aqui me disse logo no primeiro dia que estive na urgência:” Vai dar tudo certo!” E não é que deu!

Leitor imaginário, hoje é difícil falar do que aprendi e do que esta experiência significou, o futuro dirá, mas espera sinceramente que esta oportunidade que de graça me foi dada possa servir para construir bem mais do que a minha vida!
Restantes amigos, a viagem chegou ao fim, obrigada pela companhia. O blog continuará, Portugal tem muito para ensinar e eu prometo lutar contra a preguiça de escrever! Um abraço!


Comentários

  1. 1xbet korean review - Legalbet.co.kr
    1xbet korean is a popular sports betting website. It is regulated 1xbet partenaire by the Swedish Gambling Commission and has been operating since 2000. 1xbet korean are available

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Dia_20 “A vida é dura para quem é mole…”

O dia começou soalheiro numa tabanca chamada “Madina” e a D. Domingas foi ao mato buscar um legume para o almoço, nada de especial até aqui, a vida corria sem percalços, um dia normal na vida de uma mulher Guineense! Mas, e há sempre um mas… Há 4 espécies de cobras venenosas nesta região! Há muitas cobras na época das chuvas! Há mato! Há azar na vida… Há um pé que é mordido por uma cobra! Pede-se ajuda… liga-se para a AMI! Vamos a correr. A viagem de jipe parece interminável, tentamos definir um plano de acção para quando chegarmos ao destino não perdermos tempo. Chegamos a Madina, toda a aldeia está em alvoroço, há olhos cheios de esperança, talvez “os brancos” tragam a solução… A senhora vem meio inconsciente, é trazida por 4 homens até nós, improvisa-se uma sala de cuidados intensivos na parte de trás do jipe. Há gente por todo o lado! Avaliam-se os sinais vitais… o pulso mal se sente! Entrou em choque! Ouvimos o batimento cardíaco ir embora… e levar com ele a esperança de ter sid...

Chegámos!

Estou na Índia!! Até custa a acreditar… bom, a ideia foi ganhando forma quando no avião, em vez de uma sandes, nos serviram uma espécie de crepe com caril tão picante que até ardia. Mas, a realidade, a sério e às sérias, veio quando saímos do avião e foi como se tivéssemos entrado na zona das plantas tropicais da Estufa fria em Lisboa, isto é, pusemos os pés fora do avião e veio de lá "aquele bafo" que transbordava humidade e que nos transportou para a nossa realidade – Estamos na Índia! E, porque é na Índia que estamos, nem ficámos chateados nem fizemos reclamações, com o facto de termos demorado mais de uma hora a "resgatar" as nossas malas do tapete, isto porque o dito tapete de 10 em 10 minutos "sofria dos nervos" e parava e depois recomeçava a rolar devagarinho até que paralisava outra vez…. A acrescentar à espera, tenho de vos contar um detalhe, daqueles que só vistos, então não é que cada vez que passava uma mala no tapete toda a minha gente estend...