Avançar para o conteúdo principal

De malas feitas…

(…) e aviadas no sentido mais real possível, espero eu, porque as despachei em Lisboa e espero reencontrá-las em São Paulo!

Cá vou eu desta para o calor (se é melhor ou não, fica para considerações futuras!), vou para o Verão durante duas lindas semanas de férias e depois começa a história da aventura!
Desta vez, vou dedicar-me à Infeciologia Pediátrica ou como eles gostam de dizer Infectologia Pediátrica! Escolhi São Paulo porque o Hospital é muito bom e além da diarreia e da gripe na criança, de vez em quando deve haver um dengue, uma malária, uma coisinha tropical para não deixar esquecer o que aprendi a custo na Índia (e que custo, e saudades?).

São Paulo (a cidade e não o último dos apóstolos) promete aprendizagem, desconhecido e patologia pediátrica numa cidade com 20 milhões de habitantes! Bom, ao calor e à confusão já estou parcialmente habituada, esperemos que a comida seja melhor que na Índia (Será!! Será!! Viva a picanha!).

Já eu prometo manter-me atenta com os olhos abertos (até trouxe uns óculos novos) e com o coração desperto para o que vou encontrar nesta nova aventura que espero que seja recheada de aventuranças!
E vocês? O que é que prometem? Ler e comentar? Estar por aqui e fazer a companhia que tanto faz falta quando estamos sozinhos em ambiente tropical.(Espero que sim).

Leitor imaginário, promete que continuas por aí, és o meu melhor leitor!
Restantes leitores, obrigada pela presença, pelas orações, pelo cuidado… as histórias andarão e dançarão por aqui e até fins de Abril vai mais uma etapa desta volta ao (meu/nosso) mundo!


Um abraço diretamente do avião

P.S: Estou a publicar este texto com uma semana de atraso... a internet e os trópicos não rimam! 

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Deu tudo certo!

A mala está semi-feita, faltam as coisas pequenas, falta fechar, despachar e partir. É bom partir para casa, mas é difícil fechar este ciclo. Atrás de mim ficam as histórias, as pessoas com quem aprendi a ser bem mais que médica, ficam as coisas que só poderia ter vivido num país virado para o sol e para os sorrisos abertos. Elas ficam e vêm comigo no coração, porque a mala já tem excesso de peso, trago o que sou agora e que não era há três meses atrás.  Aliás, essa é a beleza desta experiência, vou provavelmente esquecer-me dos critérios do síndrome hemofagocítico, mas dificilmente da médica que deu chocolate e coca-cola à menina que tinha uma sonda naso-gástrica, dos meninos da enfermaria, dos adolescentes da consulta, isto tudo vai comigo e irá para onde eu for! Escrevo isto com o peito apertado, aquele desconforto na garganta, um incómodo que não sei explicar, no fundo estou ansiosa de chegar e a rebentar de saudades e ao mesmo tempo triste por deixar isto tudo para trás.

Em desembaraço

Passaram 10 meses desde a nossa partida… mais qualquer coisa e damos à luz o nosso burro! E que grande burro é este, com sorte vem às riscas e é uma zebra! Zurrices à parte e sem brincadeiras, realmente o que aqui temos vivido assemelha-se em muito a uma gestação, mas daquelas de risco e com direito a muitos sustos. O início, tal como o primeiro trimestre da gravidez, foi repleto de náuseas e enjoos, as coisas perderam o sabor do costume, a vida sentia-se letárgica e molengona, num arrasto ao ritmo do calor que se fazia sentir neste verão africano. A bem dizer, era deste ambiente não tão agradável que eu precisava para aprender a prestar atenção aos detalhes e ao silêncio. O ruído da vida em Portugal era tal que levei meses a ouvir aquele zumbido característico de quando se sai de um concerto com música muito alta, um tinido interior, constante e rítmico que me lembrava que a vida tinha mudado. Foi então uma espécie de desintoxicação, daquelas beras com ressaca a frio sem direit

A festa, a arca e as moscas!

A jornada continua e a história também. No entanto, hoje a história é outra, o mundo é outro e eu sou outra noutro mundo! A necessidade de deixar um registo escrito deste período da vida é mais profunda do que visceral, vem da carcaça… dos ossos… da estrutura do esqueleto! Não conseguindo prever o que aí vem, tenho a certeza que será uma viragem no rumo de todos nós e de tudo em nós. Por isso, obriguei-me a sair do buraco da inércia e aqui estou à mercê de quem por aqui passa, e a jeito para futuras leituras retrospetivas que espero que tenham mais lucidez do que o momento presente. A vida aqui pelo Reino de Eswatini corre com uma normalidade tosca de quem vai à festa de vestido roto com sapatos de verniz. Temos poucos casos e à data apenas um morto, na última semana os casos aumentaram 1 -2 por dia, nada comparável às outras tragédias. Porém, o número de testes feitos deixa muitas dúvidas, só esta semana é que começaram a fazer testes no laboratório nacional, anteriormen