No nosso “Portugal real” há muitas histórias por contar, muitas em que faz falta reparar… reparar e reflectir… Então após estes meses de ausência e depois da insistência de várias famílias, este blog volta à carga, com vontade de estimular consciências, orientações e possíveis colaborações!
E só para chatear vou começar pela história que ia contar no fim, então venham daí, mergulhem nesta história comigo!
Urgência de otorrino, 11h e qualquer coisa, sol lá fora, doentes à seca há mais de uma hora, (tosse, muco nasal de todas as cores, dores de garganta, miúdos a chorar), eu (vocês a fingir), um colega e o médico com ares de “snob and smart guy” (simpático, mas volta e meia lá sacava perguntas teóricas de difícil resolução só para marcar território). Já está pintado o cenário!
Leitor imaginário, espero que ainda estejas por aí!
E só para chatear vou começar pela história que ia contar no fim, então venham daí, mergulhem nesta história comigo!
Urgência de otorrino, 11h e qualquer coisa, sol lá fora, doentes à seca há mais de uma hora, (tosse, muco nasal de todas as cores, dores de garganta, miúdos a chorar), eu (vocês a fingir), um colega e o médico com ares de “snob and smart guy” (simpático, mas volta e meia lá sacava perguntas teóricas de difícil resolução só para marcar território). Já está pintado o cenário!
Entra uma velhota com uns 200 anos : “então oh Dona Maria (nome fictício …talvez) do que é que se queixa? - Oh Senhor Doutor tenho umas feridinhas que deitam sangue no ouvido e dói-me a garganta e não consigo engolir. Observámos a senhora, que realmente tinha um eczema no ouvido (que até metia medo), mas na garganta não havia nada de especial, provavelmente, só lesões crónicas de refluxo gastroesofágico que causavam a tal dor… Às tantas, surge a pergunta da praxe “Oh dona Maria e que medicamentos é que a senhora toma todos os dias?” E é aqui meus caros leitores, aqui é que emerge o Portugal Real, aquele que não vem nas revistas e nos artigos científicos, aquele que exige mais compreensão do que parece. Ei-lo : A senhora não responde, ou melhor não fala, mas abre a malinha e tira um saco de plástico repleto de lamelas e caixas de medicamentos e cheia da elegância adquirida numa vida passada a semear couves, criar galinhas e cuidar da família, agora sim, responde :”Está tudo aqui, tomo isto todos os dias!”e despeja em cima da mesa uns 10 tipos de fármacos, sem exagero. Qual traficante de estupefacientes, qual quê! E este saquinho mágico resolve o enigma, as dores de garganta eram do refluxo e o refluxo era, entre outras coisas, da quantidade de fármacos que a senhora anda a ingerir. Bom, a consulta acabou e a senhora lá levou mais uns quantos cromos para a colecção, desta vez com direita a gotas para o ouvido e tudo! As melhoras e bom dia!
Agora, preciso de uma super conclusão para provar a relevância desta história, depois de muito ruminar… decidi que não há conclusão o que não significa que não há relevância, aliás a importância deste assunto reside exactamente na sua aparente futilidade, o sumo está todo nas entre linhas… bebam-no! Mais do que isso, fiquemos atentos às histórias do Portugal real, às donas marias com as suas maleitas e os seus mitos, mergulhemos nas multidões de pessoas que não lêem blogs, não têm facebook, e não vêem series americanas… Fica então, oficiosamente, aberta a época balnear!
Bons mergulhos!
Leitor imaginário, espero que ainda estejas por aí!
Ora bem, do ponto de vista matemático são as conclusões que são relevantes e não tanto a dedução por si só. Uma dedução que não leve a lado nenhum corre o risco de ir parar ao caixote do lixo.
ResponderEliminarSe eu aplicar o mesmo princípio ao teu texto sabes o que é que acontece? Não o mando para o caixote do lixo. Porquê? Porque, ao contrário do que dizes, a conclusão está lá. Meio implícita, meio explícita, como quem espreita timidamente... E é uma conclusão relevante! (Além do mais, é óbvio que a vida real não é matemática e não posso usar os mesmo princípios para considerar o que é ou não relevante!)
Agora o que me parece muito mal é estares com uma senhora de 200 anos e não aproveitares para a bombardear com perguntas sobre o século XIX. Eu nunca falei com ninguém que estivesse vivo na altura das invasões napoleónicas e ficaria curiosíssimo!!
Ainda bem que a consideraste relevante, por vezes, a realidade quotidiana sofre com a frequência e torna-se banal (indigna de olhares mais profundos). No entanto, ultimamente, a maioria das minhas reflexões têm tido como ponto de partida as "Donas Marias e os Sr. Joaquins", o tal Portugal real cheio de relevos por descobrir...
ResponderEliminarQuanto ao valor histórico da senhora, havia ali um grande senão, é que a D. Maria era um bocadinho surda o que não facilitou a comunicação e por isso, não pude fazer muitas perguntas!Mas tinha um sorriso lindo (ou melhor, uma prótese de meter inveja)!