Hoje, fomos ao hospital, a ideia era passar a visita à enfermaria com o médico de serviço (que é o único médico deste arquipélago).
Imaginem um edifício velho, muito sujo (mas mesmo muito), com janelas pequenas e muito escuro (porque de dia não se ligam luzes e de noite duvido que as liguem), rodeado por uma espécie de jardim por onde deambulam várias espécies animais, tais como: Cães e respectivas pulguinhas e outras menos “inhas”, porcos e seus parasitas que têm preferência pelo organismo humano e, claro, bactérias e fungos de todas as qualidades e feitios! Bom… pintem o quadro pior que conseguirem… andará longe da realidade! Haviam 5 doentes internados, todos com diagnóstico de malária, a acuidade diagnóstica aqui passa pelo: “tem febre? É malária!”, bom passa por lá e não vai muito mais além…
Quanto ao HIV, cuja prevalência na Guiné se desconhece mas crê-se elevada, hoje o médico enquanto explicava o caso de uma doente, disse entre-dentes esta doente vai fazer um teste que aqui chamamos 0007 e entre-olhares, lá se percebeu que o dito “aquele que nós sabemos”, o tal, o 0007, é o teste do HIV… Bom, se nem o médico ousa dizer (não vá o diabo tecê-las!) o que fará a população… Isto doeu-me, confesso! Foi uma visita dura! Ali a meio tive de vir cá fora respirar ar fresco, era muita coisa para encaixar ao mesmo tempo, demasiado calor, demasiada miséria, demasiada impotência, demasiada distância entre aquilo a que me habituei a chamar cuidados médicos e aquilo que estava à frente dos meus olhos. E assim foi, e assim serão os próximos meses…
Apesar das emoções fortes e do comichão dos mosquitos, estou a gostar… e muito! As pessoas da casa são porreiras e os habitantes da ilha também!
Ah, e não é que até aqui a minha fama chegou, então vou a passar na rua e as crianças gritam “Branco, Branco”, é incrível, eles sabem o meu apelido!!
um beijinho para vocês!
fico assustada. toda a ciência que temos não basta para isso (do HIV). esse é um daqueles casos que podemos usar como exemplo da importância da parte humana no cuidados médicos. explicar que não é vergonha, mas sim benesse, saberem da sua doença. cuidarmos de nós deveria ser um prazer, mais que uma vergonha.
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