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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2010

Dia 29_ “top 10 de Bolama”

Ao reler algumas das coisas que fui escrevendo aqui no “tasco” (modo carinhoso de apelidar esta plataforma de comunicação) fiquei com a sensação de que quem leu as minhas histórias poderá ter ficado com a ideia de que tudo aqui é difícil, pesaroso e que vou todos os dias angustiada para a cama! Mas não! Por isso, e com o objectivo de repor a verdade e a justiça, hoje não vos trago uma história, mas várias. Hoje a nossa viagem é ao “top 10” cá da terra, as 10 maravilhas, aquilo que faz desta missão da AMI uma missão “muito bonita” citando uma grande autoridade em missões de desenvolvimento. 1. 1. 1. O céu! A sério é qualquer coisa de divino, há coisas que nem as fotografias podem testemunhar e as noites de lua cheia em Bolama são uma delas. A contemplação ganha pontos por aqui. 2. 2. 2. A rã que canta debaixo da minha janela todas as noites a horas incertas. Na primeira noite foi estranho, confesso… mas agora faz parte do encanto. Adormecer a ouvir a rã e o seu

Dia_20 “A vida é dura para quem é mole…”

O dia começou soalheiro numa tabanca chamada “Madina” e a D. Domingas foi ao mato buscar um legume para o almoço, nada de especial até aqui, a vida corria sem percalços, um dia normal na vida de uma mulher Guineense! Mas, e há sempre um mas… Há 4 espécies de cobras venenosas nesta região! Há muitas cobras na época das chuvas! Há mato! Há azar na vida… Há um pé que é mordido por uma cobra! Pede-se ajuda… liga-se para a AMI! Vamos a correr. A viagem de jipe parece interminável, tentamos definir um plano de acção para quando chegarmos ao destino não perdermos tempo. Chegamos a Madina, toda a aldeia está em alvoroço, há olhos cheios de esperança, talvez “os brancos” tragam a solução… A senhora vem meio inconsciente, é trazida por 4 homens até nós, improvisa-se uma sala de cuidados intensivos na parte de trás do jipe. Há gente por todo o lado! Avaliam-se os sinais vitais… o pulso mal se sente! Entrou em choque! Ouvimos o batimento cardíaco ir embora… e levar com ele a esperança de ter sid

Dia_9 : O primeiro dia de consultas na Ilha das galinhas…venham daí!

Primeiro, um pequeno tour pela tabanca (leia-se aldeia), imaginem um povoado com muitas palhotas, muitas crianças a brincar na rua e, como não podia deixar de ser, muitos animais “domésticos” soltos. Bom…um “doméstico” dentro do género, claramente, não eram peixinhos dourados, caniches encaracolados ou hamsters a correr em rodas gigantes, nesta terra as coisas têm de ter uma utilidade e enfeitar não é uma categoria a preencher! Deixemos as explicações antropológicas e passemos às “ruas” da ilha, ora, a pastar, roer, esgravatar, vemos cabras, galinhas, porcos, vacas, alegremente soltos e à solta, sem eira nem beira…bom para eles, péssimo para a saúde! Ups, pois é, estamos aqui para saber como correram as consultas na ilha das galinhas! Começámos às 9h acabámos às 15h, neste intervalo o meu crioulo cresceu exponencialmente (ah pois, uma pessoa tem de se adaptar! E cá em casa há um livro de iniciação ao Crioulo da Guiné que já li até ao fim e fiz os exercícios!). Entre frases mal compreen

Dia_8

O primeiro “ cagaço ” na Guiné! Começo por pedir desculpa pela rudeza da expressão entre aspeada, mas tinha de ser, qualquer outra palavra não faria justiça ao acontecimento em causa! Tudo começou numa bela manhã de sol, enchemos a canoa com tudo e mais alguma coisa para levar numa viagem de 3 dias à ilha das galinhas, onde vamos uma vez por mês prestar assistência médica. Quando aqui se lê “tudo e mais alguma coisa”, leia-se: colchões, uma mota, caixas com medicamentos, malas e mais malas…e nós, os AMI´s! De Bolama às Galinhas são cerca de 2h de canoa…bom, nós levámos 5h… lá para o meio da viagem começou a chover, e a palavra Marão passou a ouvir-se demasiadas vezes por minuto…Bom, a minha inconsciência e o gosto que desenvolvi pelos barcos nas poucas aulas de vela que tive, levaram-me a não dar importância ao tamanho das ondas e ao modo pouco harmonioso com que estávamos a andar, confesso que estava a gostar imenso da viagem, da velocidade, do vento… da adrenalina! Às tantas ouve-se

Dia_5

Bissau & a corte portuguesa Voltámos a Bissau, vamos ficar até sábado. Estar pela primeira vez num sítio aguça-nos os sentidos… é delicioso! Dou comigo atenta, desperta e de olhos bem abertos para tudo o que se passa à minha volta, talvez por isso, esta estadia em Bissau esteja a ser tão interessante. E há detalhes muito engraçados por aqui! Por exemplo, em Bissau junta-se a “corte portuguesa” residente na Guiné, ele é ONG´s de tudo e mais alguma coisa, pessoal da embaixada, união europeia, nações unidas, e a malta junta-se nos 2 ou 3 restaurantes portugueses que existem e toda a gente se conhece, é uma espécie de “micro clima” étnico onde se fala português e se come bife de vaca (ah pois, ontem foi certinho!). À noite, fui a uma festa de despedida de um rapaz que vai voltar para Portugal, bom… nunca o tinha visto só sei que trabalha na ONU, mas sem stress! Festa é Festa e Tugas são Tugas…então como o pessoal ia, fomos todos… colei-me!! Comida boa, música para dançar…maravi

Dia 4_o hospital:

Hoje, fomos ao hospital, a ideia era passar a visita à enfermaria com o médico de serviço (que é o único médico deste arquipélago). Imaginem um edifício velho, muito sujo (mas mesmo muito), com janelas pequenas e muito escuro (porque de dia não se ligam luzes e de noite duvido que as liguem), rodeado por uma espécie de jardim por onde deambulam várias espécies animais, tais como: Cães e respectivas pulguinhas e outras menos “inhas”, porcos e seus parasitas que têm preferência pelo organismo humano e, claro, bactérias e fungos de todas as qualidades e feitios! Bom… pintem o quadro pior que conseguirem… andará longe da realidade! Haviam 5 doentes internados, todos com diagnóstico de malária, a acuidade diagnóstica aqui passa pelo: “tem febre? É malária!”, bom passa por lá e não vai muito mais além… Quanto ao HIV, cuja prevalência na Guiné se desconhece mas crê-se elevada, hoje o médico enquanto explicava o caso de uma doente, disse entre-dentes esta doente vai fazer um teste que aqui

Os primeiros 3 dias

Estou em Bolama! E por estas bandas, aprende-se muito e experimenta-se coisas novas todos os dias (e ainda só passaram 3), por exemplo: Como viver numa casa sem água canalizada e aprender a tomar banho à caneca de água fria. Nos entretantos, fui desenvolvendo uma técnica rápida e eficiente, no fim dos 2 meses lanço um livro : “Tomar banho à caneca para totós, sem fazer estardalhaço!”. Como viver sem electricidade regular, passo a explicar: a ilha não tem luz, mas a fábrica de gelo aqui do lado tem, então quando eles estão a produzir gelo ligam o gerador e nós temos luz …oh yeah! Mas, como em toda a indústria, a produção depende das flutuações da procura e o mercado do gelo pode ser muito instável… então ora há luz ora não há… Cá por casa também há um gerador que dá para desenrascar, mas não anda de boa saúde, o que faz com haja dias, como ontem, em que se janta à luz da vela e se vai para a cama às 21h30, porque ler mais de meia hora com uma lanterna pode tornar-se muito ca